24 março, 2007

Juíza alemã autoriza o espancamento de mulheres

Afinal, como bem disse Nelson Rodrigues, elas gostam mesmo é de um tapinha, certo?
UHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA...

Brincadeiras a parte, nessa semana uma juíza alemã resolveu brincar de Deus - como todo juíz, em qualquer país do mundo faz, aliás - e proferiu uma setença negativa de divórcio a favor de uma mulher alemã, filha de marroquinos que emigraram para lá. Esta mulher, casada com outro marroquinho e nascida na Alemanha (portanto, cidadã alemã), queria se separar do marido porque este se utilizava de violência contra ela, o vulgo "espancamento". O motivo do divórcio ser negado?
Segundo a juíza, está escrito no Alcorão que o homem pode bater na mulher, então ela não pode reclamar. :o :s



Só que eles moram na Alemanha, não no mundo árabe, então as leis vingentes não são do Alcorão, são da Constituição Alemã! E vocês pensaram que só no Brasil é que esse tipo de sentença maluca acontece, certo? Saí do aquário, meu!
Lógicamente que o ministério público alemão invalidou a decisão dela, chamou outro juíz, suspendeu a moça e provavelmente concederá sentença favorável a requerente.

O interessante aqui é outro ponto: o ocidente e o oriente vivem uma batalha campal, parecida com o tempo das cruzadas, onde nenhum país entende o outro, muito menos o conhece.


Considerem Charlie Hebdo culpado!

Bem, para sua surpresa, quem inventou o divórico foram os árabes! Isso mesmo, aquele bando de bárbaros, fanáticos, espancadores de mulheres, terroristas e homens das cavernas!
Ou alguém conhece alguma mulher ocidental que usufruia disso do ano 400 DC - após a queda do Império Romano -, até quase o século XX, para ficarmos em um espaço de tempo conhecido. No Brasil, a figura do divórcio por parte das mulheres só foi regulamentado após a segunda guerra mundial, nos anos 70 (século XX, ano de 1977 para ser exato)!!! Antes disso, o homem tinha de concedê-lo, a mulher mesmo, por vontade própria, não podia.

Não vou entrar no mérito da discussão religiosa, muito menos no julgamento de uma civilização. É verdade que em alguns países árabes, como o Irã, o Iêmen, a Palestina e a Arábia Saudita, homens, por lei, podem bater em mulheres, em caso de adultério, por exemplo (o caso do Afeganistão não é bom de ser usado como exemplo, pois este país impõe leis rígidas e malucas - não somente de nosso ponto de vista, mas também de outros países árabes - não exclusivamente para as mulheres, mas para a sociedade como um todo. Por exemplo, homens que não usam barbas longas ou turbantes, não são "bons mulçumanos", sendo vítimas de repressão pelo Estado, por isso é bom tomar cuidado com a carruagem).
Porém, e isso é bom ser frisado, não é festa do caquí, onde você pode sair batendo em qualquer uma, matá-la ou apedrejá-la. Se você fizer isso irá preso, como em qualquer país do mundo.

Eu, como ocidental, não fico revoltado por se bater em mulheres lá (quer dizer, eu fico sim, não me entenda mal). O que me deixa P da vida é a utilização de castigos físicos contra qualquer um, sejam eles homens, mulheres e crianças, essa é a minha maior birra com os países que ainda se utilizam destes métodos como forma de punição, como os citados anteriormentes e/ou a Indonésia e Malásia, entre outros (assim como eu fico revoltado com a pena de morte, um instrumento totalmente ineficaz e que não inibe o crime).

O complicado da sociedade deles, é que a maioria são Teocracias (quando a instituição religiosa se funde ao Estado, não há separação de poderes). E aí é que o bicho pega.
Por exemplo, um homem pode bater em uma mulher, mas isso é mal-visto pela própria sociedade quando não há base legal. Outra coisa que é bom lembrar, é que nós já saímos um pouco da Idade Média, enquanto eles ainda estão nela. Pode parecer brincadeira, mas não é!

Pelo calendário deles, nós estamos no ano 1500 e alguma coisa (segundo a crença mulçumana, o período atual começa quando Maomé, foi fazer seu retiro no deserto, em 640 DC). Onde mesmo que estávamos em 1500 e o que o ocidente fazia com as pessoas?
Lógico que isso não é desculpa, nem quero dar a impressão de que sou simpatizante do que ocorre lá, mas a coisa não é tão preto e branco da maneira que pintam.

Outro ponto, por exemplo, é o mal juízo que fazemos do "Hijab", o famoso véu. Sim, há mulheres que o usam por serem religiosas, ou por se orgularem do país onde vivem, mas por incrível que pareça, ele não é de uso obrigatório. Ah sim, a maioria usa porque é um costume da sociedade como um todo, assim como é costume do jovem usar calça jeans (se você duvidar, experimente pegar um moleque de 15 anos e vestí-lo com uma roupa social. Provavelmente ele será motivo e chacota para o resto da turma). E não estou dizendo que não existe pressão para que elas o usem, mas isso vem de tradições por parte de homens e mulheres, ou seja, da sociedade como um todo.
Para uma família árabe, pai e mãe, é inadimissível que o casamento de sua filha dê errado.

E finalmente, concluindo a parte do divórico, quando uma mulher se casa, ela pode impôr condições ao marido. E se ela se separar, você terá de pagar pensão para ela o resto da vida, não importando o motivo de separação, por isso, não ache que lá você se dará bem. Como bem ilustrou Joe Sacco em seus livros/quadrinhos sobre a Palestina e Israel, "Palestina" e "Na faixa de Gaza" (Editora Conrad, 1997 e 1999, respectivamente), "o problema é que a própria sociedade árabe, incluindo as mulheres, aceita e acha normal que um homem lhe provenha todo o sustento e lhe aplique castigos físicos. As mulheres não reclamam e não se consideram injustiçadas e isso não é somente uma característica dos pobres. Homens educados? Não estamos fazendo o suficiente para educar as mulheres!" - Muna, mulçumana não-praticante, da Federação Palestina do Comitê das Mulheres.

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O que nos leva finalmente a sentença da juíza. Me desculpem, mas o que ela disse é o mesmo que autorizar alguém a matar outra pessoa, porque Jesus foi morto por outros "cristãos" (as religiões judia e cristã eram a mesma coisa, somente a partir da morte dele é que houve a separação). E não existe a separação entre Igreja e Estado? Como então você usa algo religioso, mesmo que seja de outro país, para proferir uma sentença? Isso porque nem vamos entrar no mérito da soberania entre países e suas leis.
Ah, o negócio foi todo invertido, distorcido, revirado e torcido novamente. Será que ela fez isso porque foi a uma universidade, já que lá é o melhor lugar para se fazer sexo? Quem quer mesmo conhecimento vai a uma biblioteca!

Melhor ainda, o que só prova como não conhecemos a região. Existem somente alguns países laícos no Oriente Médio, como o Iraque. Quer dizer, existia, pois depois da invasão deste e consequentemente a guerra civíl que se seguirá com a saída dos americanos, vocês acham que acontecerá o quê?

Entender uma sociedade totalmente oposta a nossa é difícil. Imaginem só o que os indianos falam de nós, que comemos carne de vaca - já que esse animal é sagrado para eles - ou os sul-coreanos, que comem carne de cachorro? Mas colocar toda ela em um saco só, generalizar tudo e vender uma idéia de como ela é, não me parece o melhor exemplo de justiça ou promover a paz.

3 comentários:

Barbarian disse...

Essa foi podre. Como ser racista, fingindo respeitar os costumes estrangeiros... Essa história de evolução é bem controversa. Moralmente a humanidade quase nada evoluiu em 5000 anos. Somos ainda um bando de animais agressivos que agora usam máquinas. Logo alguém libera o canibalismo como solução pra fome...

hazzamanazz disse...

Nitzsche disse que a guerra é inevitável e faz parte do espírito humano. Eu concordo com ele.
Nós somos animais, homo-sapiens, mas estamos nos distanciando cada vez mais do mundo natural.
Só que a raça humana precisa decidir logo: ou ela pertence a natureza, ou não pertence, ficar no meio do muro só está dando caca.
Lógico que em um mundo não natural, o que prevalecerá é a lógica, quem sabe nos tornando frios. "Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamas!".

O ponto onde estamos é esse.

Outra coisa: no Alcorão não está escrito porra nenhuma que o homem pode bater na mulher, assim como na Bíblia não está escrito bosta nenhuma que Deus condena o homossexualismo e permite o assassinato.

Todo esse traste é moderno e foi colocado recentemente pela Igreja, isso não existia na Bíblia originalmente escrita.

Barbarian disse...

Pura verdade.. é no mínimo ridículo ver na TV o tal papa se preocupando com assuntos como proibir a masturbação e o homossexualismo (já que é maioria no clero), com tanta coisa REALMENTE importante pra ser resolvida no mundo... bicho, o nojo que eu tenho da igreja é maior do q vc pode imaginar. Da "justiça" então, nem se fala. Quando as irmãs se juntam, sempre dá nisso, se essa raça pudesse, voltava com a inquisição.

Considero que entramos numa nova Era as Trevas, e que isso só irá piorar até que culmine na total decadência da civilização, afinal a história se repete. Roma foi apodrecendo por dentro, e os bárbaros a tomaram. Como ainda usamos muito do sistema romano de administração, organização social e legislação, estamos no mesmo caminho; tanto é que os "bárbaros" de hoje estão tomando tudo, os povos aculturados e criminosos, já que a lei virou uma piada. Infelizmente, se Gandhi aparecesse agora no Brasil, seria morto.

Religião só serve mesmo pra dominar gente ingênua e proteger uma elite. Acreditar em um Deus não tem porra nenhuma a ver com isso.

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