21 julho, 2007

A química do Demência 13

Quem disse que o Demência não ensina? Muito melhor do que ir a escola, não? ;-)
Na pauta de hoje: Cianeto de Hidrogênio

Classificação de Risco da J.T. Baker Saf-T-Data (sistema utilizado internacionalmente para designar o risco do material). Além do sistema utilizar cores, ele também utiliza números para indicar o perigo do material, indo do mais alto, 4, até o mais baixo, 0.


Azul - 4: Risco de Vida, Veneno
Vermelho - 4: Altamente Inflamável, auto-combustão
Amarelo - 2: Altamente Reagente, estocar em ambiente seguro e controlado
Branco - Corrosivo

É ou não é a nossa cara? :D

Cianureto ou Cianeto é o nome de qualquer composto químico que contém o grupo ciano C≡N, com uma ligação tríplice entre o átomo de carbono e o de nitrogênio. Cianetos inorgânicos contém o íon CN-, altamente tóxico, assim como sais do cianeto de hidrogênio (HCN), .



O Cianeto de Hidrogênio (HCN) é também chamado de ácido cianídrico ou ácido prússico em sua solução salina. À temperatura ambiente, geralmente é líqüido, mas é extremamente volátil (evapora muito facilmente). Tem um forte cheiro de amêndoas amargas, e encontra-se no caroço de certas frutas (maçãs, pêssegos). Os sais do ácido cianídrico são chamados cianetos, sendo os mais comuns o cianeto de potássio (KCN) e o cianeto de sódio (NaCN). Os cianetos são extremamente venenosos devido à habilidade do íon em se combinar com o ferro da hemoglobina, bloqueando a recepção do oxigênio pelo sangue.
Mata por sufocamento.

A sua temperatura de fusão é de -14 ºC, e a temperatura de ebulição é de 25,7 ºC. É solúvel em água, álcool e éter. É facilmente inflamável.

Começou a ser usado em larga escala durante a I Guerra Mundial quando os dois lados do conflito o utilizaram na fabricação de projéteis para artilharia, fazendo com que os ataques com gás fossem rotineiros no front.
Desde então tornou-se o principal agente para extermínio de insetos e parasitas como piolhos, pragas da agricultura, cupins e baratas.

Além de ser um poderoso veneno, quando em contato com o ar e sob certas condições, torna-se altamente explosivo.
Outra característica do HCN é sua alta mobilidade e capacidade de penetração em qualquer substância ou material poroso, aí incluído paredes e muros (isto devido ao baixo peso molecular).

O HCN é também altamente tenaz em sua estabilidade. Quando aplicado em ambientes mal ventilados ele adere em objetos úmidos mantendo sua ação nociva por horas e dias. Em 1995, três crianças na cidade de Montérolier (França) acharam numa caverna um antigo artefato de gás HCN da época da I Guerra Mundial. Colocaram-no no fogo e morreram em conseqüência da explosão. Quatro bombeiros e o pai de uma das crianças que entraram na caverna para procurá-las, morreram após alguns dias, devido à absorção pela pele do veneno, que tinha sido liberado após a explosão. Seis dias após suas mortes o nível de concentração de cianeto no sangue era ainda suficiente para ser fatal.

A ingestão de uma dose de 0,5 a 1mg é suficiente para matar instantaneamente um adulto.

Nos campos de extermínio alemães da Segunda Guerra Mundial, foi usado um gás tóxico a base de cianeto, conhecido como Zyklon B (Ciclone B, em alemão) nas câmaras de gás. Criado originalmente como um pesticida para a eliminação de piolhos e pulgas, o Zyklon B acabou sendo usado para o extermínio de seres humanos.

cianeto de hidrogênio, Zyklon B, em seu formato de cristais

Em 7 de abril de 1990, o navio norueguês Scandinavian Star pegou fogo, matando 158, dos seus 438 passageiros. Metade destas mortes ocorreram, não pelo fogo, mas pela inalação de fumaça! A embarcação fora totalmente modernizada, com portas corta-fogo, alarmes de sinalização e sensores de incêndio. Além disso, não foram utilizados materiais inflamáveis, como corrimões de madeira, e tapeçaria.
A razão de tantas pessoas morrerem assim, foi que as paredes do navio, construídas em asbestos - um material não-inflamável, conhecido também como amianto - foram cobertas com uma resina acrílica e depois pintadas com uma solução que continha cianeto de hidrogênio!

E finalmente - essa é a parte que eu mais gosto - o cianeto de hidrogênio está presente na fabricação da resina acrílica...de nossos CDs de música!

Agora que você já sabe o que acontece se inalar a substância, que tal queimar aquela pilha de CDs que você não gosta? LOL :D

6 comentários:

hazzamanazz disse...

Antes dos chatinhos dizerem...sim, foi uma brincadeira, dizer para você queimar seus CDs.

Apesar deles possuírem cianeto de hidrogênio na fabricação da resina acrílica, a concentração é tão baixa que você necessitará de muitos, mas muitos CDs mesmo, para produzir uma fumaça tóxica.

[ ]'s

merakoincidência disse...

bem. se queimar os cds.. garanto k num vai da nada (palavra de quimica em tecnologia)...

mas foi muito bacana os exemplos.. há tb historias de peritos k moreram ao fazer a autopsi em caderveres..

o mais legal.. é k nos livros de quimica o cianeto é descrito como um composto k tem aroma de amendoas
amargas.. dai eu pergunto: kem chero cianeto e volto pra falar k era amendoas amargas?

é bom lembrar k os sais de cianeto n sao toxicos, mas é bom tomar cuidado com o ph e k vai cer feito com ele. isso ai

Neide disse...

Impressionante como temos interesses parecidos... Você me permitiria copiar alguns trechos deste seu post para eu poder colar numa futura matéria lá no Portfolio?
Complementando, eu nunca esqueço do depoimento de um sobrevivente dos campos (era encarregado de retirar os corpos), que dizia mais ou menos o seguinte:

"As pessoas se amontoavam no chuveiro, as portas eram fechadas e as luzes se apagavam. O Zyklon B entrava por uns canais e começava a se espalhar pela sala...de 4 minutos a meia hora (se não me falha a memória)depois, dependendo de quanto gás tivesse sido liberado, rapidamente ninguém mais estava vivo. A maior das pilhas de cadáveres ficava junto a porta, pois em seu desespero ainda tentavam sair. Em seguida, tínhamos que separar os corpos com ganchos, os grandes em cima, velhos e crianças por baixo, esmagados. Quando em seu desespero tentavam escalar as paredes, os dedos se quebravam, e, o que era extremamente perturbador de se ver, os braços ficavam no mesmo comprimento do corpo, pois se desencaixavam das juntas.
Os corpos eram levados por um elevador até os fornos, que incineravam três de cada vez."

Sem contar nas terríveis covas, heim Hazza, quando os fornos não davam conta e jogavam as pessoas lá,queimando-as vivas mesmo...dizem que pegavam a gordura dos corpos que estavam queimando e jogavam por cima para "queimar melhor"...esse mesmo sobrevivente ainda cita o pensamento de muitos da época: "felizes aqueles que terminavam nas câmaras, antes de passar pelas covas..."

PQP, estes trechos nunca mais sairam da minha cabeça, desde que os li. Quando passei agora no seu blog e me deparei com este texto citando o Zyklon, foi impossível deixar de lembrar...

Abraços, parabéns pela interessantíssima temática!! Eu já estava cogitando montar um post com a arte de um sobrevivente de Birkenau, assim que o fizer venho aqui te avisar, ok?

Neide disse...

Ah sim, na última vez em que passei aqui esqueci de falar, os trechos que eu citei acima li há um certo tempo naqueles quadrinhos, Maus, do Art Spielgman. Estou quase achando o link para download (em formato e-book), daí na sequência eu posto lá no Portfolio. Com toda a certeza é um dos relatos mais fortes que já li até hoje sobre o assunto. Uma das grandes diferenças entre este relato e muitos que já vi é que ele humaniza até mesmo os guardas.

Abraços.

Anônimo disse...

BAndo de filhos de puta... zyklon foi pouco nos judeus porcos!!!!!!!!

Anônimo disse...

quer dizer q se eu engolir caroço de maçã eu posso morrer ? ¬¬'