14 janeiro, 2007

The Memory Remains the Same



A banda Cérbero - citada no post abaixo - teve vida bastante curta, de 1980 a 1984, quando decidira tentar a sorte nos EUA e falhou. Quem for no site deles, irá encontrar a história toda do porquê.
Acontece pessoal, pelo menos eles não tiveram medo de arriscar.

Quem não é de SP, RJ ou do Sul não deve ter ouvido falar muito dela - ás vezes nem quem é daqui lembra ;-) -, mas o Cérbero fazia um som bastante adiante do seu tempo, um power/speed que só seria ouvido alguns anos depois.

Fico imaginando se o nosso mercado cultural - qualquer um deles, pode ser de música, quadrinhos, arte, pintura, dança, teatro, etc - fosse um pouco maior, o quanto nós não teríamos de riqueza nessa área. Riqueza cultural, digo.
Ninguém aqui está pensando em fazer algo como o mercado norte-americano, porque aí não dá nem pra saída. Mas algo como o mercado europeu seria de bom tamanho, que é grande quando você junta a Europa toda, mas é pequeno quando você pega determinado país.

Peguemos o Holy Moses, por exemplo.
A banda é bastante conhecida na Alemanha, se paga na França e Inglaterra e quebra o galho no resto da Europa. Não é nenhuma potência musical, ao contrário do que o pessoal pensa.

O problema é que, especificamente falando, mercado de música, cinema e quadrinhos, são mercados de consumo de massa. Você tem de vender muito para conseguir ganhar dinheiro ou se sustentar. Como fazer isso em um país onde a cultura de massa é futebol, MPB e carnaval? Difícil, hein?
Além do mais, ninguém quer repartir o bolo, e esse é o problema principal.

Só para ficar no lugar comum, a cerca de um mês e meio atrás o governo aprovou uma lei de incentivo ao esporte. Essa lei daria o mesmo desconto em impostos para empresas que investissem ou em cultura, ou em esporte. Para quê?!
A choradeira dos artistas de TV e MPB só não foi maior, porque em Brasília o pessoal está acostumado a fugir da imprensa, tamanha a onda de corrupção que assola este país.

Ou alguém vai me dizer que uma empresa prefere investir em esgrima, pólo aquático ou esqui na neve, ao invés de um filme? 8O

No final a lei foi alterada para que os incentivos fossem separados, um para o esporte outro para a cultura.
Lógicamente que o incentivo para cada área ficou menor, o da cultura na mesma e o esporte um pouco menor.


Quanto ao Cérbero, eles lançarm um CD de um show que fizeram no Rainbow Bar, em 1983. Para quem não conheceu, o lugar era um bar especializado em Heavy Metal, com um "palco" - na verdade um degrau a mais no meio do salão :D - onde bandas se apresentavam. Hazzamanazz não é nenhum Iron Maiden, mas já tem alguns anos de atropelamento nas costas. LOL

O pior é que eu lembro dessa porra desse show, que foi de foder (maldita memória de elefante que eu tenho), já que eu era um moleque descerebrado, com o perdão do trocadilho, no "auge" dos meus 14 anos (todo moleque nessa idade é assim, portanto, sem xingar a garotada pessoal).

É bom lembrar que naquela época não existia praticamente nada voltado ao Metal por aqui, dando pra contar nos dedos os lugares que faziam mensão a música pesada (nem que fosse Kiss, o supra-sumo do peso para a mídia nacional)


A qualidade não é lá das melhores, já aviso, mas dá pra ter uma noção do tipo de som que eles faziam, que era muito bom.
As músicas estão no sites deles. Dê uma passada lá e ouça-as.

2 comentários:

Defensor disse...

Cara, uma boa lembrança... Cérbero. Assim como tantas outras bandas (Karisma, por exemplo) que não tiveram o destaque que mereciam.

Injustiça!!! Muitas da coisas antigas nacionais eram ótimas. Só faltavam melhores condições para gravar.

Hoje, o metal nacional está em decadência. Só vemos bandas covers. Tenho saudades dos tempos em que, aqui em Santos/SP, tinha o Circo Marinho, espaço no qual pude assisitir shows memoráveis: Salário Mínimo, Vodu, Dorsal Atlântica, Vulcano, Máscara de Ferro, Druidas, Angel, Taurus... e muitas outras!

Teve um festival no Circo, reunindo Dorsal, Vlcano, Kranio Metálico, e Massacre, do Chile, que lotou... eram mais de 1000 pessoas!!!!

Em 1989 eu tive a oportunidade de tocar no Circo com minha banda da época - Punisher - al lado de monstros como Vulcano e Dorsal, além da campineira Ofense. Foi ótimo, grande público, som arrasador...

Agora, quando alguém promove um show, no máximo, estão lá 100, 150 pessoas.

Fico triste com essa situação. Acho que, realmente, não temos uma "tradição" metálica, e essa molecada de hoje em dia só quer saber de ouvir esses covers.

Não se importam em criar um som próprio. Talvez por falta de público, não sei...

Só sei que até hoje eu curto bandas nacionais, em especial as que cantam em português...

Abraços

hazzamanazz disse...

Nossa Vulcano e Máscara de Ferro, isso é das antigas!!! :D
O Vulcano gravou um disco em 2003, lançado em 2004 - Tales from the Black Book -, com velhas composições dos anos 90 e mais regravações de algumas músicas do Live! E eu conheço o Circo Marinho, tenho várias boas recordações daí! ;-)
Mas o guitarrista original, Sotto Jr., morreu em 2001, matando qualquer chance da banda voltar a ativa.

Agora, pergunte se você leu alguma coisa por aí? >:-(

O que é foda é que neguinho por aqui paga pau para bandas estrangeiras e só malha o metal nacional. O mais que foda ainda, é que muitas bandas recentes, como Kriziun, Clawn, Agressor, Andraus, entre outras, que são muito, mas muito melhores que várias merdas que vem de fora (como a bosta do Dokken, Dragonforce e etc), são totalmente relegadas a segundo plano.

Nem falo de comprar CD, pois isso é para divulgar, é como você disse, as bandas ganham grana é em show.
Você não sabe o sufoco que foi arrumar esses links de metal nacional que eu postei, é foda achar alguma coisa em qualidade decente (ou qualquer qualidade).

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