11 fevereiro, 2007

Alea Jacta Est!

Isso aqui é o país da piada pronta, como diz a bicha-velha José "Macaco" Simão.


No dia em que Fernando Collor de Melo renunciou, para tentar escapar a sua cassação de mandato - coisa que ocorreu no mesmo dia - o país inteiro parou para ver...a morte de Daniela Pérez. Itamar Franco assumiu em seu lugar e ajudou a implementar um plano econômico extremamente conservador, porém que trouxe resultados a população. Qual a única coisa que se lembra dele?
A maldita calcinha de Lílian Ramos!

As pessoas gostam de dizer que "a esquerda é acéfala", "a esquerda é ditatorial" e "a esquerda está morta", quando todos descem a lenha em Lula, mas idolatram FHC. Que é de esquerda, porra!
Ou você se esqueceu disso?

Vamos ser sinceros: a população deste país está abandonada! Exceto os menos de 10% que tem dinheiro, é claro. O resto?
Foda-se! Como se ser pobre fosse uma escolha e uma opção de vida. Aí, quando esta vem e lhe morde a bunda, o pessoal fica chocado, pois se arrastou o corpo de um menino por três bairros de uma metrópole super povoada e não havia uma única patrulha policial nela para intervir.

Ah, mas eles eram gente ruim - você me responde.
Não, eles não eram gente ruim, eles foram transformados em gente ruim. A ciência tenta de toda a maneira provar que se nasce com a índole da maldade, mas em diversas pesquisas, ela não consegue provar isso. Antes que alguém cite alguma coisa, a ciência não tem dois lados, como todos vêem expostos nos jornais e veículos de comunicação, ela é oito ou oitenta: ou você prova a sua teoria e ela é aceita, ou você não consegue provar essa teoria e ela não é aceita. Ponto.
Não existe isso de "uma segunda opinião contrária".

Mostra disso é a teoria darwiniana da evolução das espécies, que muitos contestam, mas ninguém - repito, ninguém! - conseguiu provar algo em contrário. Podem tentar a religião e a teoria Creacionista que vocês quiserem, elas não explicam a vida como Darwin conseguiu fazê-lo.
É por esta razão que ela é aceita, não porque "se tornou consenso entre as pessoas".
Pessoas estas que, claro, se consideram inteligentes e racionais.



Muito inteligentes e muito racionais...depredando bens públicos colocados a sua disposição! Quando os trens metropolitanos da cidade de São Paulo foram substituídos, em 1998, por trens espanhóis modernos, com ar-condicionado e música ambiente, bastou uma semana para que os vidros destes estivessem todos riscados, com dizeres do tipo "Zona Norte Comanda".

Sim, a população tem a sua parcela de culpa, pois ela é extremamente mal(mau)-educada. Outro exemplo são os centros comunitários de informática, em São Paulo. Assim que a prefeita que implantou eles, Marta Suplicy, saiu de seu mandato, eles foram roubados ou depredados. E claro, os jornais declararam o abandono da prefeitura vingente para com eles.

Então alguém pode me explicar como os CIEPs (entros Integrados de Educação Pública), inaugurados pelo governador Leonel Brizola, ainda estão em pé no Rio de Janeiro? Unicamente em razão dessa mesma população cuidar para que eles não sejam sucateados.
Coisa que TODOS os governadores posteriores a ele tentaram fazer. Aliás, pratica comum neste país, destruir o que não foi criado por você, para que assim sua autoria possa ser reivindicada.

Em contra-partida, o Estado - responsável pelo bem-estar, saúde e educação de sua população - não faz a sua parte, abandonando as pessoas a própria sorte. Quando você trata alguém como um animal, negando a mínima condição de vida decente a ela, certamente essa pessoa se portará como um.

Ou alguém acha aceitável ter de pagar plano de saúde, pois a rede pública de saúde é uma vergonha? Ou morar em um lugar sem transporte decente? E sem ruas asfaltadas, água encanada, luz e esgoto instalados? Fazendo então, que os habitantes do local - sim, pois eles podem ser qualquer coisa, menos população ou gente - tenham de surrupiar estes serviços, pois do contrário não os teriam.

E finalmente, completando o círculo vicioso, temos pessoas que não estão interessadas em que isso aqui funcione, pois o Brasil tem dinheiro, mão de obra capaz e espaço geográfico para crescer.
Sabem o que é pior? Nem o caminho do aeroporto funciona mais, pois estes são o retrato atual deste país.


O que acontece mesmo quando você prende uma população de ratos em um espaço confinado?
Pelo menos faremos juz ao que Hans Staden escreveu.
 

10 comentários:

Miranda disse...

É como penso, são produtos do meio. E a solução é simples, não é questão penal, mas acabar com o círculo vicioso, em que o povo é mal educado porque não tem apoio e o povo não tem apoio porque não tem educação pra votar...

Acredito que seja uma evolução que levará séculos, com base familiar e conseguintemente educacional e política.

EU vou fazer minha parte, sabe como? Vou ensinar meus filhos a serem honestos, a prezarem pela HONRA E MORAL, e nunca trair sua PALAVRA... Belo post. Té mais!

E "Violência é real" deveria levar uns parenteses dizendo "e sempre atual"...

Anônimo disse...

Falou e disse, velho. Mais nada à declarar.

Anônimo disse...

concordo com vc que o Estado abandona o cidadão que paga impostos (e olha como pagamos hein ?), mas nesse país ainda impera a famosa "lei de Gerson", ou seja, as pessoas não tem escúpulos para atingirem o sucesso, muitas vezes pisando em cima do mais fraco ou fazendo maracutáia mesmo. resumindo quem tem q.i. (quem indica) nesse pais tá feito... um abraço do beermetal !!!!

Walter Junior disse...

Sinceramente, acredito que suas palavras foram muito bem colocadas. Estou chocado com o fato do garoto carioca até hoje, como pai, não gosto nem de imaginar uma coisa destas. Enquanto isso nosso presidente...

Defensor disse...

Saudações Hazza!

Cara, excelente esse post.
Temos opiniões semelhantes sobre tudo o que está acontecendo no país, com toda essa violência.
Não adianta nada esse debate inútil sobre pena de morte (vedada por nossa atual Constituição), quando sabemso que as raízes do problema são as desigualdades sociais que reinam em nosso país.
Vá até o Defensor, comente meu post de hoje (segunda)... também fala da violência, porém com ênfase nos direitos humanos.

Parabéns, esse tipo de opinião, veemente do jeito que você expressou, é para poucos. Todos se limitam a clamar apenas por penas mais duras, abaixar a menoridade, pena de morte, morte aos defensores dos direitos humanos.

Abraços, grande amigo,
Paz e prosperidade!

Anônimo disse...

O comentário do Marcolin é perfeito. Assino embaixo!

Essas mudanças realmente não acontecem em anos, mas em séculos. Ou alguém discorda que, enquanto cientificamente dobramos nossa compreensão do universo a cada geração, a evolução social é quase nenhuma nos últimos dois milênios?

Barbarian disse...

Excelente observação essa do Michel, houve recentemente uma conversa entre estudiosos de várias áreas onde disseram a mesma coisa (não, não me lembro a fonte): desde a época de Cristo, na tecnologia evoluímos rápida e ferozmente; no entanto, a evolução moral da humanidade não avançou 1% em relação à tecnologia. São os mesmos grupos antagonistas, agora com nomes e armas novas, se exterminando pelos mesmos motivos: POSSE MATERIAL, ORGULHO e SADISMO. Os mesmos tipos de governo, com novos rótulos. Ou seja, analisando pela lógica, é inevitável que a tecnologia venha a avançar, mais ou menos, dependendo da necessidade de adaptação de cada povo; mas os valores morais sempre estiveram abaixo da necessidade. O que sempre importou a todos os povos é ter mais terras e coisas, "provar" pela força bruta que sua religião, cor da pele, gênero sexual, time de futebol, escola de samba, qualquer ideologia ou preferência é "melhor que o dos outros". Pura infância mental.

O pior é que para podermos nos defender dos lobos, tenhamos que nos tornar lobos também. O que me torna inapto a ensinar humanismo. Ao ensinar o garoto de favela a usar o computador, eu o ensinei a ser lobo e competir no mercado de trabalho. A moral da história é: se quisermos derrotar os maus e cruéis, temos que nos tornar piores que eles, e assim tomamos o lugar deles na história... e ela se repetirá. Escrevam, amigos, reeducar o Brasil pode necessitar da violência algum dia. Sad but true.

Anônimo disse...

Trata-me como deusa e tentarei ser divina. Trata-me com sofisticação e refinar-me-ei. Trata-me com brutalidade, e, cedo ou tarde, em bruta me transformarei. Dê-me esmolas e uma mendiga eu serei. Dê-me amor, eu retribuirei. Me abandone, revoltada eu ficarei. Torture-me, e alguém mais fraco que, atacarei. Sobreponha os seus sentimentos aos meus, e, com o tempo, sentimentos deixarei de ter. Ignore minhas necessidades, argumentos, vontades, personalidade, um nada é o que restará. Não somos os nossos gens. Somos nossos gens mais nosso lugar na família, escola, sociedade. O país em que vivemos determina imensamente o que nós somos. Não existe maior fábrica de loucos, psicopatas, infelizes, escravos, miseráveis, subhumanos, burros estúpidos, do que o Brasil - nação em que se espera que os escravos digam muito obrigada por terem o que comer, país onde se quer que seja normal o direito à casa própria, ser "um sonho", e todos os direitos como educação de qualidade, saúde idem, sejam privilégio de uma elite esnobe, oportunista, prevaricadora, e arrogante.

"A sociedade prepara o crime. O criminoso o comete". (Pérola orkutiana - até o orkut sabe disso).

hazzamanazz disse...

O Barbarian tocou em um ponto importante: precisamos mesmo ser iguais aos outros e utilizar as mesmas táticas, para derrotá-los?
Podem me chamar de ingênuo ou inocente, mas não, eu acho que não.
Exemplos melhores na História que tocam esse ponto, são Ghandi e Nélson Mandela, que optaram justamente por não se unirem aos lobos, pregando a resistência pacífica e ordenada.
E contra isso, nada ganha!

A maior falácia da sociedade, e que é perpetuada até hoje, é o ditado que diz que para destruí-la ou modificá-la você tem de estar dentro dela. Porém, ao estar dentro dela, você FAZ parte dela, com todos os vícios e defeitos.
Como mudar algo, se você agora participa disso?

E o ponto é esse: para realizar essa mudança, sem se tornar um lobo, você tem de ser capaz de aguentar inúmeras provações e muita dor, tanto física, quanto psicológica/espiritual (existe uma palavra em inglês muito bonita para isso, que se chama "fortitude", geralmente pouco utilizada).

Será mesmo que estamos dispostos a isso, já que é um caminho bem mais difícil?

[ ]'s

Barbarian disse...

Ingênuo o quê, consegui passar a idéia e você acrescentou bastante, valeu por analisar o conteúdo do texto! =,D

Enquanto houver a tradição já cantada pelos Ratos de Porão, "Agressão, repressão", isso aqui só tende a dar em ruína. Enquanto não passa pelo Brasil um homem forte como Gandhi, me resta ficar mijando meu território, quando eu poderia gastar essa energia em atividades mais construtivas... como conseguir verba e voluntários pra reativar o Centro Comunitário da Vila Prudente.

O que manda no mundo ainda é o CARATÊ. CARA TÊ dinheiro, CARA TÊ poder, faz o que quer, ninguém pega quem aJUDÔ, KEMPÔs a mão na grana, KENDÔou a verba pública, quem é o tal de GIL GILSON, quem começou a KUNG-FUsão, e o pobre só pode reclamar, AIKIDÔ...